SESSÃO SOLENE NA CÂMARA MUNICIPAL
DE VEREADORES DE SOLEDADE
Excelentíssimas autoridades presentes nesta sessão solene,
senhoras e senhores...
Sentindo-me honrada com a deferência de fazer esta saudação
em homenagem à pátria, proponho que realizemos, juntos, uma reflexão, sobre o que
é a pátria para todos nós.
Pátria é um conceito, denso e volátil... É um termo até
banal, porque todos o pronunciamos sem muita cerimônia e sempre o relacionamos
a BRASIL...
Mas, pátria, não é simplesmente um espaço, nem uma questão de
geografia.
Pátria, envolve uma amplitude que tem a ver com sentimentos,
com afetos, com atitudes...
Pátria envolve simbologias muito mais amplas e profundas que
um simples hastear de bandeiras, ou comemorações durante uma semana específica...
Pátria, muito mais que um lugar, somos nós, as pessoas... Por
isso nós, as pessoas, somos os responsáveis pela pátria que temos.
Os laços invisíveis do verdadeiro sentido de pátria nos
ligam, amarram-nos, despertam-nos sentimentos:
- fazem-nos felizes, mas
muitas vezes, tristes...
- fazem-nos sorrir, mas muitas vezes, chorar...
- fazem-nos sentir orgulho, mas muitas vezes, nos
envergonhar...
Particularmente, esta nossa pátria, Brasil, orgulha-me muito,
sempre que visualizo todas as crianças, crescendo, saudáveis, indo à escola e
aprendendo com professores dignos e valorizados, o que nem sempre acontece...
Esta pátria orgulha-me muito quando visualizo adultos,
voltando a estudar, resgatando o que lhes foi negado na infância.
Esta pátria muito me orgulharia se eu visse sempre a saúde
sendo priorizada, com profissionais comprometidos, olhando de verdade para seus
pacientes, independentemente de quem os está pagando.
Esta pátria muito me orgulharia se a segurança fosse
prioridade e se a violência não nos amedrontasse tanto.
Esta pátria orgulha-me e alegra-me, pelas suas belezas, pela
grandeza, pelos bons sentimentos, pelo nosso trabalho diário, pela nossa labuta
em sermos melhores.
Ah! Mas esta pátria entristece-me, quando vejo nossos irmãos,
brasileiros, procurando outros lugares para viver, em busca de melhores
condições de vida, onde nem sempre são reconhecidos e valorizados, muitas
vezes, não encontrando lá o que também não encontraram aqui...
Esta pátria entristece-me quando vejo a violência, a
exploração, a mentira, a enganação, a corrupção e a falta de ética em
diferentes níveis da vida brasileira.
Apesar disso, temos que ser otimistas, mas não podemos ser hipócritas.
Temos que trabalhar muito, temos que mudar muito para construir a pátria que
queremos.
E, mais uma vez, particularmente, a pátria que eu quero é
aquela que não segrega, que não segmenta, que não estimula aparthaids sutis e
camuflados por credo, raça, gênero, por classe social ou econômica.
A pátria que eu quero, é aquela em que todos têm voz, vez e
compromisso com a sua construção, com a sua preservação digna e respeitada.
Pátria, como síntese de um sentimento coletivo, requer um engajamento
e um compromisso ético de todos nós, brasileiros e, por isso, todo o dia é dia
da pátria. Este sentimento tem que ser cultivado, guardado, preservado,
respeitado todos os dias...
E, todos os dias, nas ruas, nas praças, nas favelas, nas
fábricas, nas cidades e nos campos, nos tribunais, nos legislativos, nos órgãos
executivos, enfim, em todos os lugares e em todas as instâncias deste Brasil,
ou onde estejam brasileiros com sentimento de brasilidade, todo dia, é dia da
pátria, embora tenhamos escolhido, em especial, o dia de hoje para dizermos
isto.
Muito obrigada...
Maria Lêda Lóss dos Santos, em 02/09/2013.