sábado, 14 de maio de 2011

Prêmio

Participei do concurso Histórias de Natal da COAGRISOL e fui contemplada com o prêmio especial: uma viagem a Porto Seguro. Uau!
Eis o texto, na verdade, uma Crônica:

NINHOS DE NATAL
Nasci e vivi até meus oito anos num lugar lindo e fascinante. Nossa casa ficava no alto de uma coxilha de onde de onde se avistavam os campos verdejantes e ondulados, salpicados de capões e cordões verde-escuros que margeavam pequenos córregos, que hoje não existem mais.
Nos fundos da nossa casa, o mistério de uma floresta povoava nosso imaginário infantil. Era lá que na véspera de Natal, íamos colher barba-de-pau para confeccionarmos nossos “ninhos” e esperar o Papai Noel (hoje, com toda a interferência do poder econômico, se fazem “pinheiros”... não sei porquê fazíamos “ninhos”).
Enfeitávamos nossos “ninhos” com florezinhas do campo e colocávamos do lado de fora da porta da frente para que o Papai Noel deixasse ali nossos presentes.
À noite, na noite de Natal, ficávamos ansiosos e muito comportados para que o Papai Noel não se zangasse e trouxesse nossos presentes. Rezávamos para o Menino Jesus e pedíamos para que ele mandasse o “Bom Velhinho” até nossa casa.
A ansiedade não nos deixava dormir direito. Sonhávamos (ou víamos em nossa imaginação) que o Papai Noel chegava em se “cavalo voador” e visitava nossos ninhos. Ouvíamos até barulhos!
Na manhã seguinte, que felicidade! Lá estavam nossos presentes: biscoitos, balas e bolachas pintadas de branco e salpicadas de “açúcar de cor”. Na nossa humildade de crianças do campo, que não tinham as janelas do mundo consumista abertas para si, aqueles eram presentes maravilhosos, que faziam a nossa alegria nas manhãs dos nossos Natais.
Ao meio-dia, tinha almoço especial: carne assada, cuca e sobremesas deliciosas. Nossas balas e doces eram conservados em nossos “ninhos” durante vários dias. Íamos saboreando aos poucos e assim, indiretamente, o espírito de Natal não se esvaziava tão rápido. O Natal não era efêmero e o Papai Noel era apenas uma parte dele pois sabíamos, desde cedo, que em cada Natal se comemorava o nascimento do Menino Jesus e nossos pais diziam que isso era mais importante.
Nossos “ninhos” eram guardados durante algum tempo. Mas a cada Natal os renovávamos, assim como se renovava nossa fé, nossa alegria e nossa esperança de que em algum Natal ganhássemos também um pequeno brinquedo.
Mas nem por isso, éramos menos felizes.

Maria Lêda Lóss dos Santos
Dezembro de 2010