Agenda cheia

Dezembro parece concentrar todas as atividades que não foram possíveis de serem realizadas ao longo do ano. Parece que existe uma ansiedade medrosa pela retenção do tempo em um lapso de trinta dias!
Felizmente a qualidade dos eventos de que tenho participado nos últimos dias trazem um agouro de bons fluídos culturais em Soledade.
Além dos shows e eventos oficiais do Natal Brilha Soledade, por sinal, de excelente qualidade, destaco o lançamento da obra organizada pelo meu dileto amigo Dr. Juliano Tonezer da Silva e pelo seu colega da Ufrgs, Tecnologias para o setor de Gemas, Joias e Mineração, que muito me orgulhou como soledadense e amiga de um dos organizadores. Chamou-me  a atenção o número de jovens acadêmicos, mestrandos e doutorandos, soledadenses e participantes como articulistas da obra. Parabéns a todos!
Outra participação interessante foi no coquetel comemorativo ao primeiro aniversário da Academia Soledadense de Letras, ocorrido no último dia 17 de dezembro. Foi um momento de confraternização e de alegria para todos nós, Acadêmicos (infelizmente não tenho fotos porque fui excluída dos registros sociais do Clic Soledade, que estava registrando o evento).
Também na área cultural, vale destacar a participação no lançamento da obra da minha amiga e colega, Professora da Universidade de Passo Fundo, a soledadense Marilise Brockstedt Lech e Osvandré Lech, Frases inteligentes para lembrar e usar, realizada no Café Cultura, em Soledade.
Destaco ainda a festa de inauguração do muro da residência da minha amiga Irene Skorupsky Saraiva, em Passo Fundo. A obra é destaque porque foi toda revestida com mosaico feito pela própria, incluindo como material, pedras roladas de diversas cores, adquiridas em Soledade (prometo registrar em fotos e publicar aqui). Muita arte e criatividade e, segundo a artista, Irene, com inspirações em suas incontáveis viagens, destacando-se mosaicos marroquinos e a obra do genial Gaudi, em Barcelona.
Que novos dezembros, janeiros, fevereiros... sejam também repletos de eventos artísticos e culturais que tanto nos enriquecem como cidadãos e principalmente nos HUMANIZAM.

Aqui também tem coisas boas

Um sonho em forma de sons harmonizados numa música infinitamente bela e contagiante. Uma noite inesquecível! Este foi o resultado da apresentação da OSPA -Orquestra Sinfonica de Porto Alegre - no Palco Jesus Marodin, na praça central da cidade, em preparação ao Natal.
Quando os acordes inundaram a noite, uma imensa emoção tomou conta de uma multidão que lotava o Largo da Matriz, com pessoas que, em sua maioria, nunca tinha assistido um espetáculo de tão grande beleza.
Com peças como La Gazza Ladra, de Rossini, Peer Gynt Suit n. 1, de Grieg e a famosa Suite Quebra-Nozes, de Tchaikovsky, tivemos uma lição de cultura clássica e de enlevo (embora alguns não educados para um evento de tal envergadura ainda não saibam disso).
Um povo se educa pela experiência e a repetição de experiências como esta, com certeza educarão nosso povo. Este é o papel de quem lida com cultura.
Parabéns à Secretaria Municipal de Educação e Cultura por nos proporcionar esta maravilhosa  oportunidade!

Soledade Tchê

Fui até o Parque de Exposições Centenário para visitar o Soledade Tchê. Fiquei muito triste com o pequeno público lá presente. Aliás, acho que os soledadense se queixam que a cidade não oferece atrativos, mas não prestigiam os eventos que aqui se realizam. Foi assim com a Regional do Enart e com outras promoções. Temos que saber que esses eventos não são só sinônimo de vendas e de gastos. A exposição de carros antigos, por exemplo,  era grátis e continha muita cultura e história.
Mas o que muito me desolou, foi saber que expositores que vieram de longe fazer seu trabalho foram agredidos, indo parar na delegacia de polícia. Isto recomenda muito mal a cidade e principalmente o evento cujos promotores vem fazendo um grande esforço para que seja consolidado.
L-a-m-e-n-t-á-v-e-l. Assim, Soledade vai voltar à antiga fama de terra das brigas, das desavenças e outros títulos que achamos que tinha ficado no século passado.

Abandono

Ah! Quanto abandono do meu pobre blog! Quase um mês sem escrever...
Mas enfim, volto por uma boa causa e para falar de outro abandono.
No último sábado aconteceu uma visita promovida pela Academia Soledadense de Letras a um local histórico de nosso município: a antiga fazenda da família Borges, nas proximidades da cidade de Soledade.
Segundo pesquisas do meu amigo, Mestre e Arquiteto Nery Auler da Silva, essa casa foi uma das primeiras construções da região do Alto da Serra do Botucaraí. Seu estado de deterioração motivou o movimento liderado pelo Nery e abraçado pela Academia.
Motivada por isso, também tento dar minha contribuição.

A Casa

Na canhada tranquila, outrora risonha,
a Casa soluça, pedindo socorro.
Sua alma chorosa, infeliz vagueia
nas sombras tristonhas do entardecer,
dançando nas luzes de um suave balé.
E só o tênue equilíbrio entre viver ou morrer
ainda permite que esteja de pé.

Sua alma gravada nas paredes rotas
é marca do tempo e do espaço secular,
lamenta os perdidos suspiros de amor,
abafa os sentidos gemidos de dor.
Espicha o olhar buscando o passado
de tempos de guerras, de paz, de quimeras
que tentam, em vão, não serem esquecidos.

A Casa presente é rastro fugaz
de uma escrita que o tempo não registrou.
Raiz ainda viva de uma história distante,
de homens tropeiros de almas e vidas,
que marcaram aqui a sua verdade
e ao longo dos anos de idas e vindas,
foram construindo nossa Soledade.


Para refletirmos sobre a "morte" das casas da nossa cidade.

CREPÚSCULO

Exaltação desta terra,
é o crepúsculo no horizonte.
No vermelho das colinas
é brasa viva que arde,
e deixa o borralho da noite,
pouco a pouco engolir a tarde.

Cada crepúsculo que chega,
tão longe de um novo dia,
recebe a noite negra,
vivência da minha soledade,
que em doce melancolia,
enche o coração de saudade.

A cada crepúsculo o sol leva
o brilho do entardecer.
Mas ao voltar novamente,
alimenta a fonte da vida,
caminha rumo ao poente,
numa eterna roda-viva

Soledade possui um belíssimo por-de-sol, louvado e lembrado por poetas e viajantes.
Essa peculiaridade, junto com as lindas paisagens, poderia ser explorada turisticamente, através de painéis com fotografias, letras de canções e poemas, colocados estrategicamente em mirantes construídos para apreciá-lo. 

A "nova" praça

A "pracinha" da minha infância é hoje a Praça Candido Carneiro Junior, ponto de referência do nosso bairro.
Durante muitos anos a "pracinha" estava meio abandonada, frequentada por vândalos, sem flores, com árvores que a foram descaracterizando ao longo do tempo.
Felizmente, hoje ela foi entregue para a comunidade, remodelada, com um parque infantil e outras melhorias.
É um bom começo... mas muito há ainda a ser feito. A começar pelo cuidado da população com o uso adequado das lixeiras, a preservação das árvores e das flores.
Também as instituições locais deverão ter essa responsabilidade: a Escola Álvaro Leitão com algumas coletas seletivas do lixo; a Coagrisol, o Posto Latina, o Sicredi, com campanhas entre seus clientes para o uso adequado da Praça...
Ainda, no meu entender, uma praça não é somente local de lazer e de convívio mas é, sobretudo, fonte de cultura e de conhecimento histórico, geográfico, biológico, ambiental... Por isso, a escolha adequada de suas árvores e flores devem ser planejadas e não colocadas a esmo. Devem ser devidamente identificadas e ter uma razão para estarem ali.
Neste sentido, sugiro que em nossas praças sejam plantadas "primaveras" ou manacá-de-cheiro, tão característico em nossa região. Algumas árvores poderiam ser substituídas por "sete capotes" , que possui flores lindas e frutos saborosos para os passarinhos.
Outro aspecto importante, é a colocação de placas, painéis e "marcos históricos e geográficos", conforme já sugeri no post anterior.
Mas, enfim, todos estamos felizes com o nosso revigorado espaço de lazer. Esperamos que, em breve, ele também se tranforme em espaço qualificado de cultura e de conhecimento.

Marcos culturais e históricos...

Acho que, como cidadã soledadense, tenho o dever de contribuir com algumas sugestões para a melhoria da minha cidade. Felizmente, estamos vendo a melhoria das nossas praças...
Neste sentido, considero Soledade muito pobre no que diz respeito a monumentos, tanto artísticos quanto históricos. Assim, gostaria de sugerir que fossem feitos alguns marcos históricos, com dados e informações sobre nossa história, sobre nossa cultura, sobre nossas tradições. Temos em nosso meio, muitos Mestres em História Regional que poderiam ser consultados para a montagem de painéis ilustrativos com textos e fotos históricas, por exemplo.
Nas proximidades da Igreja Matriz Nossa Senhora da Soledade, poderia ser montado um painel com a "Lenda de Soledade", para que turistas e mesmo os soledadenses tivessem acesso a esse texto tão belo e significativo. Tais painéis poderiam ser feitos com material de baixo custo, tipo banner, ou similar.
Além de serem informativos, esses textos serviriam de fomentadores de leitura, tão importantes para o desenvolvimento cultural de qualquer comunidade.

Ti ti ti em Soledade

Como não poderia deixar de ser, a notícia do dia  é a do novo milionário de Fontoura Xavier, ganhador de mais de Cem milhões de reais na Mega Sena.
Bem que podia ser em Soledade! Isso viria beneficiar uma cidade que está com sua autoestima baixa, pela falta de empregos, pela falta de perspectiva para seus jovens, pelo marasmo cultural...
Infelizmente não é aqui...mas esperamos que alguns respingos do grande acontecimento cheguem até nós.

Pombas silvestres

O que mais chama a atenção na primavera de Capanema, não são as flores mas, sim, as milhares de pombas silvestres que fazem seus ninhos e vivem nas mangueiras das ruas da cidade. Seus arrulhos sonorizam os dias e seus vôos enfeitam nossos olhos.
O fenômeno se deve tanto à política de arborização da cidade, com milhares de mangueiras frondosas ao longo de suas ruas e avenidas, quanto à proximidade do Parque Nacional do Iguaçu e de sua reserva florestal de Mata Atlântica, com milhares de hectares de extensão
Ao lado das pombas, outras aves também "moram" na cidade, tornando-a mais alegre e mais feliz.

Longe de Soledade

Nesta semana estou em Capanema, Paraná e como não podia deixar de ser, estou fazendo algumas comparações com a minha cidade, já que ambas tem mais ou menos o mesmo tamanho.
Porém, as semelhanças param aí. As diferenças são muitas, desde a capacidade produtiva desta região, até a organização administrativa da Casa do Artesão, voltada às reais aspirações e necessidades de pessoas da comunidade (especialmente mulheres agricultoras, donas-de-casa, aposentadas, pessoas com problemas de saúde e comunidade em geral) e coordenada e gerida pela Prefeitura Municipal. Envolve pesquisas sobre os materiais regionais, cursos, comercialização, organização do espaço e material de divulgação pelo Departamento de Turismo. Enfim, uma atração turística da cidade.

Saudades, mas feliz

Participando de um evento, chorei ao ouvir esta música, na interpretação de Luiz Trautmann.
Dedico-a aos nossos filhos, obrigados a irem embora daqui, por falta de oportunidades, transformando nossa cidade num reduto de velhos.


Um Pito
Wilson Paim

Olha, guri, repara o que estás fazendo.
Depois que fores, é difícil de voltar.
Aceite um pito e continuas remoendo teu sonho moço deste rancho abandonar.
Olha, guri, lá no povo é diferente e certamente faltará o que tens aqui.
Eu só te peço, não esqueças de tua gente.
De vez em quando, manda uma carta, guri.
Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas em frente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente que molha o
rosto do teu velho, meu rapaz.
Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas em frente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente
que molha o rosto do teu velho, meu rapaz.
Olha guri pra tua mãe, cabelos brancos
e pra esse velho que te fala sem gritar.
Pesa teus planos, eu quero que sejas franco.
Se acaso fores, pega o zaino pra enfrenar.
Olha guri, leva uns cobres de reserva,
pega uma erva pra cevar teu chimarrão
e leva um charque para ver se tu conservas
uma pontinha de amor por este chão.
Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas em frente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente
que molha o rosto do teu velho, meu rapaz.
Se vais embora, por favor não te detenhas.
Sigas emfrente e não olhes para trás.
E assim não vais ver a lágrima insistente
que molha o rosto do teu velho, meu rapaz.


Beijos, meus filhos... Apesar de longe, estamos felizes..

Ver em www.muitamusica.com.br

Ainda Semana Farroupilha

As comemorações da Semana Farroupilha são uma constante renovação do mito do gaúcho como o "centauro dos pampas" e do "monarca das coxilhas". Especialmente deste último. Ou seja, a cada ano se renovam os ideais de um gaúcho altivo, valente, ético, corajoso... No fundo, verídico ou não (me parece que nem tanto), o mito do monarca das coxilhas pode ser fonte inspiradora para os jovens e, a meu ver, tem um certo caráter benéfico.
Os CTGs são um espaço saudável para nossas crianças e nossos jovens.
Soledade vem, ao longo dos anos, tentando se afirmar como uma cidade autêntica, que tem uma Semana Farroupilha que atrai a atenção por sua programação. Infelizmente, neste ano, percebe-se uma grande lacuna nas comemorações, com o poder público isentando-se de propostas de atividades coletivas ou de uma programação significativa, que extrapole as tradicionais programações dos CTGs. Esta não é uma postura de quem pretende retomar o título de cidade autêntica do Rs (conforme tenho ouvido em alguns discursos).
Senti-me constrangida com amigos que vieram para o evento e que ficaram com seus dias limitados a almoços e jantares.
Mérito especial ao CTG Marciano Brum, com uma programação mais contemplada com atividades culturais.

Semana Farroupilha

Assisti no domingo ao Recital de Poesias e Canções Folclóricas, promovido pelo GAN Vaqueanos da Cultura, que muito sabiamente continua com esse tradicional evento, criado pela antiga Delegacia de Educação, na gestão da Professora Margarida Chitolina.
Percebi, com alegria, que o "espírito" do Recital permanece intacto: plateia extremamente atenta e respeitosa, que tanto agrada aos artistas e a todos os que encaram com seriedade a força cultural que a tradição gaúcha possui.
Destaque para os jovens talentos que, ao lado dos veteranos, renovam o gosto pela arte da música e da declamação. Destaque também para o Coral Municipal de Soledade.
Parabéns aos organizadores, em especial a amiga Mara Amaral.

Saudades...

Amores-perfeitos de carinhas risonhas salpicavam de cores as nossas manhãs de setembro. O friozinho da noite ainda vinha chicotear as pernas desnudas, só cobertas com a saia azul-marinho do uniforme e a pouca roupa de que dispunhamos. Mas nada era difícil... Tudo era alegria de adolescentes que atravessavam a praça central rumo às aulas no Ginásio São José, onde ensaiávamos nossos contatos com o mundo, porque ali era a única janela que nossa pequena cidade oferecia para que o vasto planeta se nos revelasse.
Assim, adquirimos conhecimentos que, mais tarde, nos transformaram em professores, médicos, empresários... pais, mães, donas-de-casa...mas, tenho certeza, que muitos de nós ainda temos na lembrança as belezas das nossas manhãs de setembro.

Onde estão as "primaveras"

Existe um arbusto comum nas nossas matas e jardins a que comumente, aqui na região, chamamos de "primavera". É o Manacá-de-cheiro ou Manacá-de-jardim, cujo nome científico é Brunfelsia uniflora. Suas flores azuis, violetas e brancas e seu perfume inconfundível anunciam a chegada da primavera.
As "primaveras" estão presentes em muitos jardins de nossa cidade. Porém, o que causa estranheza é que estão praticamente ausentes de nossas praças.
Talvez pudéssemos quebrar a sisudez das árvores de nossos espaços públicos com flores nativas, que tornariam nossa cidade mais florida e que alegrariam a nossa vida.

Todo o cidadão consciente precisa participar das decisões que dizem respeito ao seu modo de viver em comunidade.

Vi Vendo Soledade

Este blog tem por objetivo lançar olhares sobre o lugar onde vivo: Soledade